II
in memoriam
Durante toda a noite, escolheram e exaltaram
a cor do sal, pacientemente semeado entre ferro e álcool.
Mas não serei eu a pessoa indicada para retomar em trovas,
falando dos pés divinos que, na sua glória, pisarão a beleza.
Procurámos em vão, nas livrarias da cidade,
um título que fosse de António Manuel Couto Viana.
Nada; apenas lixo - desde best-sellers a edições de autor
repugnantes ao tacto e à inteligência de quem lhes pega.
Só lhe pudemos ler os versos em frente da Casa Melo Alvim
- ou recordá-los, pelas piores razões, ao vermos a Casa
dos Lunas e o Café Caravela, tristemente modernizado.
Mas o mar, ao fundo, perdoa tudo - e até acho, António,
que teria gostado de almoçar hoje connosco n'Os Três Potes.
Rojões, polvo na brasa, vitela - acompanhados de arroz e de saudade.
Manuel de Freitas
com a devida vénia, de Telhados de Vidro, N.º 15 . Junho. 2011
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