06/08/2011

A POLPA DO SABOR

A polpa fresca, lâmina rápida que se crispa e salta viva.


E o dia baço, longo, ao fim do corpo: uma parede morta.


A cada passo, a pequena crista límpida, braço que flui
através das árvores, quase ao longo do céu.


Punho breve, inundado, que escreve o sabor nos dentes
do muro já surdo e frio na noite.


António Ramos Rosa

com a devida vénia, de A CONSTRUÇÃO DO CORPO, Portugália Editora, Lisboa, Setembro de 1969

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