01/09/2011

OS AMANTES DE POMPEIA

Não se olham sequer. Ali tudo se passou
há muito tempo. Ele ainda a procura? A noite
desce sobre estes corpos e assim continua
para sempre. Aquilo que podiam dizer é apenas
o silêncio. Ficam juntos não para serem um do outro,
mas nossos. A cinza recebeu esta nudez
que lhes era anterior. Devagar só nós a recolhemos
sem que o tenham sabido. Por isso, estão sozinhos
agora que os vemos e neles nos encontramos.

Fernando Guimarães
               
                           As Raízes Diferentes, Relógio D'Água Editores, Lisboa, Junho de 2011





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