As luzes que se acendem
no fundo do lago
e rastejam se tornam
por fim névoas azuis
que estão a segredar-nos?
Em que rio de som mergulha
o sentido das coisas?
Se é que alguma coisa
tem sentido neste vaivém
da boca à brasa
do que não é ao que parece?...
Sob os arcos da noite
que míseras criaturas
ainda acalentam a luz
das ilusões que não se cumprem?
Qual o poder do choro
ou do grito ou da raiva
dessa ânsia vaga de mudar a vida?
O certo é que esses embriões de sonho
logo se despenham no escuro
e cegamente voltam àquele lago...
2007
Urbano Tavares Rodrigues
com a devida vénia, de Horas de Vidro, Publicações Dom Quixote, Lda., Lisboa, Fevereiro de 2011
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